Estamos vivenciando grandes revoluções desde que a expansão da internet alcançou praticamente todo o globo. Iniciamos mais uma década e, depois de tudo o que vivenciamos nas últimas duas décadas, a pergunta que fica é “Para onde estamos indo”? Alguns especialistas afirmam que a nanotecnologia, biomedicina, Big Data e cloud, irão transformar a realidade da humanidade. Uma outra revolução não está por vir, mas já está em nosso meio. Certamente você já ouviu falar de AI (Artificial Inteligence). Se você está lendo este arquivo pelo seu smartphone ou tablet, certamente você já teve interação com a “Siri” ou com “Google”. Ambas são inteligências artificiais que há anos estão em nosso meio, facilitando o nosso dia-a-dia e nos ajudando a utilizar dispositivos cada vez mais tecnológicos e complexos. Pouco a pouco o mundo da inteligência artificial está sendo implementado dentro das salas de aula. Será que isso dará certo?
O mundo é cada vez mais “nichado”, na verdade eu nem sei se esta palavra realmente existe, mas, isso significa que todas as propagandas, estratégias de marketing, etc, estão sendo direcionadas a nós de uma maneira muito mais assertiva do que em outras décadas. Ou seja, os algoritmos são tão eficazes que, em breve, saberão mais de você do que você mesmo. Essa mudança também está acontecendo no mercado de trabalho, onde ano após ano o mercado busca por profissionais experts, hábeis em assuntos específicos de sua área de atuação. Você pode me perguntar “o que tudo isso tem a ver com AI e educação?” e eu te responderei “tem tudo a ver”.
O sistema de ensino pregado no ocidente, vem de uma base totalmente militar. Temos um professor (autoridade) mesas e cadeiras alinhadas (ordem) e alunos (soldados). Durante muitas décadas essa metodologia foi aplicada em diversos países. Uns souberam extrair o melhor e outros nem tanto. Não há como negar que esse formato possibilitou que a educação fosse massificada e alcançasse todas as camadas da sociedade. Porém, nesse formato, todos aprendem tudo, ou na verdade não aprendem nada. Numa sala com trinta alunos ou mais é impossível manter uma “régua” de ensino que beneficie uns sem prejudicar outros.
Ainda que o formato militar tenha muitos anos de vida pela frente, a inteligência artificial pode ser um grande facilitador dentro do ambiente escolar. Tenha calma, não estou falando aqui de computadores substituindo professores, chips sendo instalados nas cabeças de nossas crianças ou coisas do tipo. Assim como a gamificação, por exemplo, está sendo utilizada intensamente no ambiente corporativo, assim a AI possui condições de potencializar e personalizar a forma como cada aluno aprenderá sobre assuntos específicos. Imagine um algoritmo capaz de trazer todo o histórico de um aluno (de toda a sua vida escolar), fazer uma análise de todos esses dados e apresentar para o professor a melhor forma de orientá-lo. Através dos dados a AI pode formar grupos de alunos baseados em suas forças e fraquezas e direcionar conteúdos específicos para cada grupo.
Segundo a pesquisa da British Council em 2019, um professor gasta cerca de onze horas semanais apenas para fazer correção de lições de casa. Fora isso, o professor ainda precisa cuidar do planejamento das aulas, participar de reuniões com diretoria e pais entre outras funções nada práticas para o ambiente de sala de aula. Com a implementação da AI, os professores terão mais tempo para se dedicar ao que realmente importa, o ensino. Computadores podem oferecer soluções de problemas complexos de forma muito mais rápida e assertiva do que os humanos, pelo menos em questões analíticas, por enquanto. Dessa forma, é inegável que, gradativamente, a AI será uma necessidade cada vez maior nas salas de aulas.
Inserir tecnologias no ambiente escolar não é coisa dessa década. Se você for da geração Y como eu, certamente vai se lembrar do mimeógrafo e do retroprojetor. Hoje não temos mais essas tecnologias nas escolas, mas isso é um exemplo do quanto a tecnologia beneficia o aprendizado. Além de personalizar o ensino, a AI possui outros benefícios. A realidade virtual já é muito utilizada na aviação. Isso possibilita que pilotos e copilotos aprendem a pilotar aeronaves sem tirar os pés do chão. Da mesma forma, é possível trazer essa tecnologia para dentro da sala de aula e proporcionar aos alunos uma vivência prática dos conteúdos que estão sendo ensinados.
Apesar dos muitos benefícios, é inegável que, para a sua implementação, exista a necessidade de um alto investimento. Os custos ainda são altíssimos, porém não investir em AI certamente custará muito mais para nós como sociedade. O futuro sempre terá um custo e, dessa forma, precisamos embarcar nessa nova realidade de cabeça, independentemente dos custos. Em maio de 2019 o Japão começou uma nova era, chamada de “Reiwa”. Não existe uma tradução específica para essa palavra, mas seria algo como “linda harmonia”. Reiwa será a era da robótica, da automação e da inteligência artificial. Eles entenderam que todas as esferas da sociedade precisam estar conectadas com essa nova realidade. Ou seja, desde escolas à hospitais, mobilidade urbana à segurança, toda cultura terá por base essas novas tecnologias.
E você o que acha? É a favor destas mudanças? Acha mesmo que tudo isto será possível?
Colunista da Aplitech Foundation
Evandro Augusto. Public Relations, Master Business Adminstration/FGV.