Há alguns desafios que são enfrentados na vida da mulher que deseja fazer ciência. É perceptível a maior exclusão do gênero feminino no meio científico, contudo, é importante perceber os motivos que culminam em oportunidades desiguais para que mulheres consigam se desenvolver na vida científica.
Ao optar pela carreira acadêmica, em algum momento, a mulher vai se deparar com conflitos familiares. Se dividir entre o seio familiar e as exigências acadêmicas, não é visto como uma tarefa simples, há uma demanda muito grande de trabalho dentro e fora de casa. Ao pensar na maternidade, a mulher cientista se depara com algumas atividades vistas como obrigações apenas para a mulher. Na verdade, podemos até dizer que a carreira científica não se encontra preparada para as mães. Será que é necessário optar por uma coisa ou outra? Por que não utilizar incentivos como ‘bolsas licença-maternidade’? Essa seria uma boa opção quando percebemos que filhos só afetam as pesquisadoras.
Além disso, no próprio meio acadêmico, há muitas vezes uma subestimação do intelecto feminino. As mulheres são constantemente subestimadas pela sua capacidade intelectual. É preciso que se prove a sua competência ao longo dos anos, devido aos estereótipos que já são formados. A realidade é que no campo da ciência talvez haja uma discriminação de gênero que impacte nesses fatores.
De outro modo, além de desmitificar a ciência para o gênero, outro ponto que sempre precisa ser observado, é a questão da cor ou raça. Quando se trata de mulheres negras, por exemplo, vemos ainda mais uma redução nessa representatividade. Ser pesquisadora, mulher e negra, tem-se uma soma de barreiras ainda maiores a serem vencidas. E sim, essa representatividade muito importa.
Apesar dos problemas que são enfrentados, podemos ter esperança numa mudança desse quadro. Os números mostram que tem havido uma demanda crescente de representantes femininas no meio científico. De acordo com Negri (2020), pesquisadora do Centro de Pesquisa em Ciência e Tecnologia e Sociedade do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), atualmente no Brasil, as mulheres doutorandas representam cerca de 54% dos estudantes. Houve um aumento de 10% relacionado as duas últimas décadas, o que demonstra que estamos caminhando alguns passos. O país alcançou números semelhantes aos dos Estados Unidos, por exemplo, o que vemos que a desigualdade de gênero não é verificada apenas no Brasil. No entanto, conforme a mesma pesquisadora, a variação foi determinada pelas áreas de conhecimento. Para as pesquisas ligadas a área da vida e saúde, a participação das mulheres chega a ser de 60%, maioria entre gênero, enquanto para áreas de ciências da computação e matemática, as mulheres representam uma taxa ainda menor que 25%.
Não há uma representação suficiente em todos os âmbitos científicos, ainda, porém, com otimismo, podemos perceber uma evolução em relação ao número de pesquisadoras no país. Também sabemos que a desigualdade entre carreiras e salários entre homens e mulheres não é vista apenas na carreira acadêmica. A força feminina vem se desdobrando dentre todos os percalços encontrados e superando obstáculos que são históricos, para que se atinja caminhos antes dominados pelo sexo masculino. Com ações de incentivo, motivação e premiação podemos chegar lá. Temos passado por um período delicado na ciência brasileira, quando falamos em fomentos para a manutenção da produtividade. Mas, o que sabemos é que: a ciência não tem gênero, nem cor, nem raça, pertence a todos que se dispuser fazer parte.
Fonte:
NEGRI, F. (2020). In: Ipea
Colunista da Aplitech Foundation
Lidianne Farias – Mestra em Engenharia Civil e Ambiental, Especialista em Planejamento, Gestão e Controle de Obras, Engenheira Civil.”A mente que se abre a uma nova ideia, jamais voltará ao seu tamanho original”.