Certamente você já ouviu falar sobre Inteligência Artificial, Big Data, Block Chain, entre outras revoluções tecnológicas do momento. Setores como o agronegócio, o varejo e o financeiro, já desfrutam destas tecnologias há algum tempo, possibilitando que outros setores, pouco a pouco, comecem a usufruir de ferramentas cada vez mais modernas e mais acessíveis. A revolução tecnológica está chegando aos campus universitários, trazendo oportunidades e desafios para alunos, professores e para a sociedade como um todo. Afinal, como iremos preparar as futuras gerações para o mercado de trabalho, uma vez que a dinâmica e as exigências estão cada vez maiores e mais complexas? A formação tradicional ainda é o melhor modelo a ser seguido?
A pesquisa “The Global Learner Survey” realizada pela Person (2019) em vários países da Europa, EUA e em países emergentes como Brasil, China e Índia, revelou que, embora muitos entrevistados ainda valorizem a educação formal, 68% deles concordam que uma formação em faculdade ou escola comercial, trará melhores resultados para suas carreiras do que formações universitárias. A pesquisa ainda revela que para 78% dos entrevistados, nos próximos dez anos, a educação sofrerá uma grande transformação e, inevitavelmente, caminhará para um caminho mais digital.
Segundo censo do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), de 2009 a 2019 houve um aumento de mais de 370% na procura por cursos superiores EAD no Brasil. O que antes era visto com muito desconfiança e era sinal de ensino de má qualidade, acabou por ser a única opção viável para manutenção das aulas em todo o país. O ensino à distância já não é uma tendência, mas, uma realidade. Estima-se que até 2023, a maior parte dos universitários estarão matriculados nesta modalidade de ensino. Os benefícios do EAD são vários. Além dos custos serem bem menores, este formato dá ao aluno o controle do seu aprendizado, uma vez que é necessário muita disciplina e determinação para que obter um bom aproveitamento do curso.
Além de avanços tecnológicos, estamos vivendo uma mudança comportamental na maneira como consumimos conteúdos e aprendemos novos conhecimentos e habilidades. Em 2019, a pesquisa “Video Viewers” encomendada pelo Google, constatou que, em cinco anos, houve um aumento de 165% no consumo de vídeos na WEB no Brasil. O aumento no consumo de vídeos cresceu de maneira exponencial em 2020. Com cerca de 50% da população confinada em casa em abril deste mesmo ano – segundo a Agencia France Presse, foi inevitável que a internet se tornasse o maior meio de entretenimento e de trabalho de grande parte da população global. Novamente, segundo pesquisa realizada pelo Google “Why Video”, 91% dos brasileiros consumiram vídeos no YouTube durante a pandemia. A pesquisa revelou que 52% dos entrevistados declararam ter aprendido novas habilidades por intermédio da plataforma.
Segundo a Harvard Business Review, o futuro das universidades, muito provavelmente, será baseado em um modelo híbrido, onde as disciplinas mais básicas e que não necessitem de interações face a face, serão ministradas de maneira virtual. Um dos maiores benefícios deste novo formato seria a redução nos custos, tornando o ensino cada vez mais acessível. Por outro lado, existem alguns desafios relacionados ao acesso a hardwares e softwares. Não existem dúvidas de que as tecnologias que estão sendo desenvolvidas como AI, Mobile, Cloud etc., irão criar diversas possibilidades dentro do segmento. Entretanto, o grande desafio será encontrar uma forma de garantir a equidade no ensino. Uma vez que estudantes ricos possuem dispositivos de última geração, banda larga de ponta e dispositivos de audiovisual sofisticados. Enquanto jovens pobres, poucos recursos possuem.
Ainda será preciso construir muitos debates entorno de quais deverão ser as estratégias para o futuro da educação tradicional. A universidade de Cambridge, por exemplo, criou a plataforma Shape que une alunos, professores, profissionais e quem mais tiver interesse em contribuir com a inovação no ambiente educacional. Iniciativas assim, serão cada vez mais fundamentais para o desenvolvimento da educação no Brasil e no mundo. A tecnologia, os hábitos das novas gerações e as demandas do mercado de trabalho estão em constantes transformações. Como consequência, novos formatos precisam ser estudados assim como novas tecnologias e ferramentas precisam ser aproveitadas, para garantir que a educação evolua a passos próximos aos de todas as mudanças que o mundo está vivenciando.
Colunista da Aplitech Foundation
Evandro Augusto. Public Relations, Master Business Adminstration/FGV.