Neste segundo post, continuamos a série “Professores” da Aplitech Foundation com o Prof. Dr. Edison Pignaton.

A fundação continua buscando diversas opiniões referente a educação junto da tecnologia por todos os polos universitários do país, Edison é atualmente professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e concordou em dividir conosco um pouco do que pensa sobre o tema como educador.

Biografia Resumida:

Prof. Dr. Edison Pignaton de Freitas é formado em Engenharia da Computação pelo Instituto Militar de Engenharia (2003), Mestre em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2007) e Doutor em Ciência e Engenharia da Computação na área de redes de sensores pelas Universidade de Halmstad (Suécia) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011). Durante 2001-2002 ele participou de programa de intercâmbio acadêmico no Institute National des Sciences Appliquées, Toulouse, França, patrocinado pela CAPES.
Atualmente é professor adjunto na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (desde 2014), atuando no Instituto de Informática e Escola de Engenharia. Ele trabalhou como engenheiro e pesquisador no Exército Brasileiro de 2004 a 2013, atuando em diferentes áreas, como redes táticas de borda, veículos aéreos não tripulados e sistemas de defesa aeroespacial. Durante sua estada na França, teve oportunidade de realizar estágio na AIRBUS Central Entity, trabalhando no projeto do avião A380. Seus interesses de pesquisa são: Redes de Computadores, Sistemas Distribuídos Embarcados de Tempo-Real, Redes de Sensores Sem Fio, Internet das Coisas e Sistemas Autônomos.

Começo do Guest Post

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Os avanços tecnológicos dos últimos anos têm colocado em xeque o modelo de educação adotado em nossas escolas. As habilidades que os jovens necessitam para acompanhar esses avanços são bem maiores se comparadas às necessárias anos atrás. Entretanto, o fato de ser necessária a introdução de novas competências nos currículos escolares em nada diminui a importância das disciplinas básicas. Nesse texto, discute-se brevemente algumas possibilidades de como se adequar a capacitação do jovem frente a essa nova realidade.

A introdução de novas tecnologias em nossa sociedade tem revolucionado diversos setores da atividade humana e como não poderia deixar de ser, também a educação. Por um lado, a educação é afetada como usuária da tecnologia para alcançar seus objetivos. Entretanto, por outro lado, ela é a principal responsável pela capacitação do jovem para atender as demandas criadas pelas novas tecnologias em todas as outras áreas. Para isso, uma grande discussão tem sido realizada não só em relação ao papel da educação em si nesse processo, mas principalmente no que se refere ao que está sendo ensinado aos jovens. Dentro dessa visão, dois pontos são extremamente relevantes: 
1) o fortalecimento do ensino de disciplinas básicas
2) a introdução de novas disciplinas no currículo escolar. 
 

No que se refere ao primeiro aspecto relacionado às disciplinas básicas, é possível observar uma degradação na transmissão do conhecimento ligado às disciplinas da área de exatas, bem como um grande desinteresse por parte dos jovens. Esse fenômeno não ocorre apenas no Brasil, mas em várias partes do mundo. Entretanto, tentando manter o espoco restrito ao Brasil, esse tema merece ser seriamente discutido, uma vez que o fortalecimento do ensino ligado às exatas provê ao jovem uma capacidade de abstração e aprendizado autônomo que ele vai usar para o resto da vida. Portanto, é preciso reverter a situação atual de desmonte do ensino, dando maior atenção ao ensino de disciplinas de exatas, evitando desviar a atenção dos jovens para assuntos menos relevantes. 

Note que não há nenhum desrespeito ou diminuição de disciplinas de outros núcleos do conhecimento, como humanas ou biológicas, que são igualmente importantes! Entretanto, devido a sua intrínseca complexidade e importância para a absorção de novas tecnologias, as disciplinas do núcleo de exatas merecem uma atenção reforçada. 
 

Por outro lado, muito se tem falado na introdução de novas disciplinas no currículo escolar. De fato, para acompanhar o avanço tecnológico, é necessário sim inserir novas disciplinas na grade curricular. Algumas dessas disciplinas devem abordar temas como programação, robótica, inteligência artificial e inteligência de dados. Entretanto, tal introdução não será exitosa se os jovens não tiverem uma sólida base das disciplinas básicas. Portanto, volta-se novamente ao primeiro ponto discutido acima. Assumindo que tal base nas disciplinas de exatas seja provida, o ponto a ser explorado se concentra no quê (conteúdo) e como inseri-lo no ensino. Uma visão é de simplesmente de se criar novas disciplinas que abordem tais conteúdos ligados às novas tecnologias. 

Outra visão, que particularmente acredito ser mais promissora, seria a introdução de tópicos ligados a esses novos conhecimentos em disciplinas já existentes, como utilização de programação em disciplinas de exatas, por exemplo, ou a construção de robôs que permitissem a facilitação do aprendizado de conhecimentos de física. Tal abordagem permitiria uma renovação das disciplinas existentes e uma introdução mais suave dos novos conhecimentos. Além disto, confere um aspecto de transversalidade ao ensino, uma vez que abordaria conhecimentos de pelo menos duas disciplinas. 
 

A adequação da educação à nova realidade imposta pelos rápidos avanços tecnológicos apresenta uma série de desafios relacionados à demanda por novas capacidades que devem ser ensinadas aos jovens. Nesse texto procurou-se discutir brevemente duas possíveis abordagens para a inserção de tais conhecimentos na grade curricular. Obviamente tais alternativas não exaurem o assunto, muito longe disto, uma vez que o tema é muito mais complexo. Entretanto, o objetivo deste texto é apenas iniciar tal discussão e estimular a reflexão sobre possíveis alternativas a serem adotadas. Além disto, concluindo esse texto, é importante se destacar que tal transformação do ensino requer pesado investimento em capacitação profissional e valorização dos professores do ensino fundamental e médio. Sem isso, nenhuma estratégia terá êxito. 

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Fim do Guest Post

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